quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Mais Feliz ainda em 2010



"Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-as. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o! Circunda-se de rosas, ama, beba e cala. O mais é nada". Fernando Pessoa

Momento bukowskiano

Fujo a líricas e canções mil!
Fujo do mundo ceciliano!
Quero o chão, o raso,
sentir o cheiro do podre,
o gosto do ácido.
Quero o sexo vadio,
sem nome nem rótulos.
Corpo sem etiqueta.
Como a cerveja no fim de noite.
Não quero o êxtase, prazer indefinível.
Quero o gozo, prazer que arranha
as entranhas do meu corpo.
Chega de figuras de linguagem vãs,
inúteis e artificiais, cheirando à plástico.
Quero a palavra torta,
Sangrando em minhas mãos,
em minha boca...
A palavra no cio, pingando vida,
verdades descabidas,
mentiras necessárias.
Quero a vida sem ambigüidades,
vida sem saber que é vida,
para não discutir a morte.
Quero o concreto...
Poder tocar tudo que me cerca:
as idéias, o olhar...
a aspereza da tristeza,
deliciosamente azeda.
Orides Silent(São Leopoldo-RS)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Acordar,viver

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.


Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?


Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?


Ninguém responde, a vida é pétrea.(Drummond)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009







Perdi, com o tempo e as esperas, a cabeça. Alterei os calendários e as horas para ser sempre horas de estar aqui, de estar contigo e apenas me restou as chávenas vazias e o fantasma do teu toque onde não estás mais.A minha vida toda como a Alice no chapeleiro, em círculos, pressentindo a tua presença, esperando-te. Nada acontecerá aqui, no país das maravilhas que é só onde estamos os dois, nada a não ser este teu vago sabor nos meus lábios, nos objectos que tocaste e eu toco depois de ti. Ah, poderás tu trazer-me deste tempo circular onde não estás nunca, poderás tu trazer-me para o presente deste lugar secreto onde estamos juntos, deste lugar secreto onde me escondo e que não existe?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Se eu pudesse voltar atrás até ti, se pudesse mudar maré de tempo e dor que nos afastou, quereria ir até ao momento em que começaste a afastar-te de mim, o momento exacto em que começaste a dizer-me o princípio deste longo, longuíssimo adeus. Diz-me, tu, nesse momento, como fizeste para desatar o amor? Como se faz para desamar, deixar o amor partir sem o segurar, sem o segurar cegamente, apesar de tudo?Se pudesse voltar a esse momento, ao preciso momento em que te afastavas de mim, olhar-te-ia mais longamente que o fiz então, o teu corpo amado de costas voltadas para mim, a afastar-te resolutamente, e para sempre, daquilo que tínhamos juntos. Talvez se me tivesse apercebido do definitivo de todas as coisas te teria dito adeus mais facilmente, com menos dor, enquanto o meu corpo guardava ainda o calor do teu, o cheiro do teu, a memória táctil da tua pele enquanto te amava ainda, livre de todas as dores. Talvez fosse mais fácil este longuíssimo adeus que te digo, com menos fios de dor e de raiva e de fúria para desatar e deixar cair.Diz-me, tu que te afastaste tão resolutamente, como fizeste para desatar os nossos laços, diz-me, onde começaste a dar-me o adeus que seria definitivo, em que ponto te começaste, lenta e seguramente a afastar de mim? Como fizeste para acabar assim o amor, fechá-lo como uma torneira, sem gotas que se arrastam?Se pudesse voltar atrás, aquele preciso momento em que estava ainda cheia de ti, de nós, dir-te-ia o adeus que o nosso amor merecia, sem choros, sem dores, não este monstro de silêncios e dúvidas que depois foi, não este buraco negro de ausência em que todas as coisas boa que tivemos se esgotaram e desapareceram.Tu que te afastaste tão seguramente, diz-me, como se acaba o amor, como se faz? Como se cortam os laços?

sábado, 19 de dezembro de 2009

recomeçar



Pelo menos a infelicidade não é já activa e imperativa. Pelo menos os gestos cotidianos saem já com a graça líquida de todos os costumes automáticos. Nos dias cinzentos o frio entra pela pele desprotegida e branca que não se expõe e num lugar qualquer do mundo há outras coisas quaisquer. Pelo menos somos vizinhos da felicidade e por entre as paredes ouvimos-lhe os murmúrios, ou melhor, os rumores: ao fim da noite há sempre olhos rodeados de linhas como se estalássemos a caminho de uma quebra qualquer. Noutros lugares do mundo, tenho certeza, haverá recomeços e risos, a serenidade líquida da leiteira de Vermeer, por todos os inúteis séculos de esperas, tristezas e desapontamentos haverá sempre o amarelo -limão da luz capturado para sempre como numa teia brilhante de mentiras. Mas pelo menos não é já a infelicidade imperativa: empilhamos os segundos, como caixas, até enchermos o minuto até ao seu limite, recomeçamos outra vez. Sísifo mostra-nos, arrastamo-nos até ao limite e o abismo e depois recomeçamos outra vez até ao fim da hora.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Memorizo-te pelo tacto, como uma cega, quando estás perto, e reconstruo as partes de ti quando estás longe através dos olhos e da memória. Só assim te guardo comigo, só assim estás em mim que não de uma forma menos vaga, mais concreta. Existes em mim como fumo quando te queria carne e sangue, quando te queria verdade concreta como as coisas que se vêm e se sentem e se tocam e se cheiram e se provam. Tomo de ti aquilo que posso, como uma cega, aquilo que me deixas.

Fica...




Fica comigo um bocado, um momento, fica comigo neste momento enquanto preciso de ti e me fazes falta, fica comigo. Prometo pôr de lado o amor, prometo pôr de lado o desejo e a necessidade e todas as coisas que não queres nem precisas, fica. Não te falarei do medo e dos anseios, do orgulho que não me deixa dizer-te que te quero e preciso, que me fazes falta.
Fica comigo até à escuridão imensurável da solidão da noite, fica para lá dela, até à luz e à quietude branca de não querer mais nada. Fica o que puderes ficar, o que quiseres ficar, até onde suportares a proximidade silênciosa do nós que não se diz. Fica.

domingo, 29 de novembro de 2009

dica para o findi

O filme O livro de cabeceira,do fantástico Peter Greenaway.Imperdível...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mostra Internacional de cinema

Começou no dia 23 de outubro e segue até o dia 5 de novembro a 33ª Mostra Internacional de Cinema.
A programação é extensa e de dar um nó na cabeça com tantos filmes imperdíveis. A vontade é de nos dividir em dezenas para não perder nadinha!

Um filme que está gerando grande expectativa é o "O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus", com roteiro e direção do premiado Terry Gilliam - também diretor de "Monty Python" e "Os 12 Macacos" - e foi a ultima atuação do ator Heath Ledger.
Preste atenção nas imagens, são de uma beleza impressionante e em alguns momentos nos faz ter a certeza de estar observando uma pintura surrealista.

Outros dois filmes imperdíveis para quem trás na memória - ou no coração - a essência pirada dos anos 70: "Alô, Alô, Terezinha" que fala sobre a figura mais anos 70 deste país, o impagável Chacrinha, e "Dzi Croquetes", com suas performances escrachadas.

Confira a programação completa no site: www.mostra.org.

sábado, 31 de outubro de 2009

Sedução

No final do século XIX, na França, os homens sedutores bebiam champagne nos sapatos das mulheres que desejavam conquistar. Grande ritual fetichista de um tempo passado.
Em 2009, a marca de champagne Piper-Heidsieck pediu a Christian Louboutin que criasse um sapato em cristal que representasse uma lembrança do savoir-vivre do século passado.
Isto me fez pensar na palavra ersatz, que vem da língua alemã e quer dizer “produto de substituição” ou cópia pálida e sem graça de um produto. O ritual do século XIX foi substituído por uma caixa a ser oferecida!
Para os interessados, ela custa 350 euros e pode ser encontrada na Colette, na Lavínia e na
Grande Épicerie de Paris.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Deixaste-me e seguiste o teu caminho... Eu pensei que ia morrer e depus em meu coração a tua imagem solitária, bordada numa canção de ouro. Mas, ai de mim, que infelicidade: o tempo voa!
Ajuventude vai murchando ano após ano, e os dias da primavera são fugitivos; as flores frescas morrem facilmente, e o sábio me avisa que a vida é apenas como uma gota de orvalho numa folha de lótus... Deveria eu deixar tudo isso de lado e ficar olhando para quem me deu as costas? Seria falta de atenção e tolice, pois o tempo voa.
Vinde, minhas noites chuvosas como rumor de pés molhados; sorri meu outono dourado; vem, descuidado abril, espalhando beijos em todo lugar. Vireis todos? Ah, meus amores, bem sabeis que somos mortais. Vale a pena estraçalhar o próprio coração por alguém que retirou o seu? O tempo voa!
É suave sentar-se num canto a meditar e escrever poemas dizendo que és tudo para mim. É heróico alimentar a própria dor e recusar consolo... Mas um novo rosto espia através da minha porta e levanta os seus olhos até os meus... Vou enxugar as lágrimas e mudar a melodia da minha canção. Sim, porque o tempo voa...

R.Tagore - O Jardineiro

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mostras

Pepa Prieto divide exposição com Tara McPhersonna Galeria Iguapop em Barcelona até o dia 12 de setembro.

Pela primeira vez em Barcelona, Pepa apresenta uma instalação baseada em pinturas, objetos e serigrafias acumuladas de outras datas, especialmente de suas competições de snowboard.

Sua arte transita por um universo onírico com imagens e situações imaginárias. Seus personagens parecem saídos de contos infantis, onde animais e seres humanos se misturam em formas geométricas, montanhas e paisagens urbanas que muitas vezes lembram a pintura naif. Sua arte se relaciona também com a cultura do skate e do snowboard, esporte que pratica.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Naquele dia pensou-se que o sol despontaria na janela da moça Tibira.Nem mesmo sol quis
afagar seus cabelos sedosos.Era quase impossível atravessar aquela bruma sem se perder na sombra dos sapatos velhos que rondavam o jardim das adálias.Dentro de mim brotavam desejos de toque de recolher.Eu queria voltar para minha casca e ficar tão encolhido quanto um tatu bola enroladinho.

CALMA



Calma...
Se ela me viesse e ficasse,
que bom seria...
Mas ela só fica
tempo suficiente para o poeta
não morrer de anemia.

Vitória seria, ah, seria...
Se ela pousasse sobre mim
suas penas delicadas
e soprasse as minhas
para bem longe
fúúúúúúúúú...

Se ela viesse e ficasse,
quem sabe,
aconteceria o enlace
entre mãos e alma,
olhos e poesia,
tu e eu,
eu e tu
horizontais, feito anjos,
deitados
sobre o poema nu.

Mas ela flutua...


Carmen Regina

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Os segredos da alma



Acordei, cheia de doces na língua.
Com vontade de me agarrar a uma orelha amiga,
Mas quando a tinha os segredos não se quiseram escapar!
Agarraram-se ao coração,
E por mais vontade que a língua tinha
As palavras não eram suficientemente grandes.

Os espasmos da alma foram tão bem concebidos
Que por mais que os queira transmitir,
Contar a toda a gente, correr a gritar a felicidade que sinto,
O segredo é só meu!

Eles guardam-se, acolhem-se no meiozinho do coração.
Enroscam-se por lá…
Lançam-me mensagens
E os meus lábios respondem-lhes em reflexo condicionado.

Quem inventou os sentimentos, codificou-os de uma forma tão perfeita, que só cada um de nós sabe o que significa, só para nós!
Bárbara-Lisboa /Portugal

sábado, 8 de agosto de 2009

CATANDO ESTRELAS



Passei a madrugada,
lua cheia no céu,
vagalumes nos olhos,
cestos de solidão,
recolhendo as estrelas
caídas em teu portão.

Vou entrar agora,
buquê de flores
despetaladas
no colo,
caixinha de estrelas,
jóia,
coração na mão.

Queria ser uma
dessas flores miúdas,
beijinhos
plantados em teu caminho.

Mas meu desejo maior é ser
a rosa rubra
que trazes no peito.


Carmen Regina

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Laços


O poeta cria laços
como guirlanda de fetiches,
leves,desprendidos,despretenciosos,
imprevisíveis
Cultuam Bacos e Apolos
na saga das horas que silenciam
E no mais casto extase
celebram os prazeres interditos

Poetas...ah!como são lascivos

terça-feira, 4 de agosto de 2009



A vida é um momento para ser celebrado, desfrutado.
Torne-a divertida, uma celebração, e então você entrará no Templo.
Esse templo não é para os tristes e desanimados, nunca foi para eles.
Olhe para a vida: você vê tristeza em alguma parte?
Você já viu uma árvore deprimida?
Você já encontrou um pássaro movido por ansiedade?
Já viu um animal neurótico?
Não, a vida não é assim, absolutamente.
Só o homem é que seguiu um caminho errado, se desviou em algum lugar, porque ele se considera muito sábio, muito esperto.
Sua esperteza é o seu mal.
Não seja sábio demais.
Lembre-se sempre de parar...
Não vá a extremos.
Um pouco de tolice e um pouco de sabedoria fazem bem, e a combinação certa faz de você um buda...

Osho

domingo, 19 de julho de 2009

A palavra



A palavra é uma estátua submersa, um leopardo
que estremece em escuros bosques, uma anémona
sobre uma cabeleira. Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei la sem destino no clamor da noite,
cega e nua, mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada. Rápida é a boca
que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco lhe os subtis tornozelos, os cabelos ardentes
e vejo uma água límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais.
Antonio Ramos Rosa

quinta-feira, 2 de julho de 2009










Em 1611, Shakespeare escreve sua última peça- A Tempestade.
Próspero, duque de Milão, é banido de seu reino por seu irmão e opositores, que o atraiçoam e o colocam num barco sem remos ou rumo.
Deixado a deriva, para morrer ‘a mingua, Próspero e sua filha pequena sobrevivem, chegando a uma ilha isolada e totalmente inabitada, distante de tudo, povoada apenas por espíritos e é apenas com eles que passam a conviver daí em diante.Próspero dedica-se, por muitos anos, a controlar e manter sob suas ordens estes espíritos, banido num mundo desumanizado, exceção feita à sua filha, a pequena Miranda, que trata de educar com esmero. Dentre os espíritos encontram-se Ariel, que representa o que há de melhor na natureza humana e também Caliban, o espírito bruto e incapaz de aprender e experienciar, voraz, ligado apenas a seus próprios instintos descontrolados.
Muitos anos depois, um naufrágio traz à ilha seus opositores e a vingança se torna possível. Miranda encontra os náufragos e, sem contato prévio com outros seres humanos, maravilha-se com este “admirável mundo novo” que se descortina diante dela, apaixonando-se por um homem do grupo.Dentre os náufragos também está Gonzalo, homem justo e bondoso, que dera ao pai e à filha, às escondidas, provisões, roupas, livros, enfim, objetos que lhes permitiram sobreviver na ilha.
Através do olhar de Gonzalo e de Miranda, Próspero reencontra sua humanidade, abdicando da magia e de viver na ilha solitária, liberta os espíritos, e decide retornar ao convívio dos homens.
Eis o que diz Próspero ao tomar essa decisão:
"Meus olhos, só pela visão dos seus,
Pingam de amor. O encanto se dissolve;
E como a aurora surpreende a noite
Derretendo o negror, os seus sentidos
Renascem e começam a banir
A névoa de ignorância que ora encobre
A razão clara
. "
(W.S.- A Tempestade)
Gostaria de acreditar que ainda hoje, até mesmo os banidos, os atraiçoados e destituídos de sua humanidade podem ser resgatados desta condição, através de um encontro humano. Gostaria que a Miranda em mim não se desiludisse de vez.
Eu temo preferir manter-me numa ilha isolada, sob controle, abdicando do convívio do mundo em vez de retornar a ele e combater, do modo que posso, a usurpação, a desonestidade e a corrupção.

Enigma



Todo mundo tem, ao menos, um enigma na vida.
Segredos de si mesmo, moldados em tempos primevos, originados de uma questão, de perguntas sem resposta. A busca desta ou destas respostas se traduz numa canção tema, uma melodia singular, algumas vezes tocada fortissimo, outras vezes tocada docemente, de forma quase imperceptível.
Falo todo mundo porquê assim o sinto. Sim, tenho a pretensão de poder falar de mais do que de mim. Falar de mim, não me bastaria. Não sei falar de mim sem dirigir-me a ti, sem incluir-te em mim.Sei, que o que quer que eu fale, dará apenas uma imagem de mim - produzirá uma imagem de mim vista por ti.
Para formular-me em perguntas preciso de sinais e olhares e palavras, aquém e além de mim.
Estou e não estou só quando toca a música que dedilha meus enigmas - de fora dela vem outros sons e neles me desdobro em infinitas variações.

domingo, 28 de junho de 2009

migalhas, apenas


Belo, muito belo. Mais um poema pra lista do "Li, gostei e postei":

Mais de uma vez meu coração trincou feito vidro
diante da página impressa,
e sempre que a palavra justa vem tirar seu mel
de dentro da copa do desespero de amor.
Acredito, do fundo das minhas células,
que uma amizade sincera “é o único modo de sair da solidão
que um espírito tem no corpo”.
Sim, eu acredito no corpo.

Por tudo isso é que eu me perco
em coisas que, nos outros,
são migalhas.
Por isso navego, sóbria, de olho seco,
as madrugadas.
Por isso ando pisando em brasas
até sobre as folhas de relva,
na trilha mais incerta e mais sozinha.

Mas se me perguntarem o que é um poeta
(Eu daria tudo o que era meu por nada),
eu digo.
O poeta é uma deformidade.

Claudia Roquette-Pinto

Rifa-se um coração

Clarice Lispector

“Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu…
“…não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero…”.
Um idealista…Um verdadeiro sonhador…
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
“O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer”
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.”

quinta-feira, 11 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Peter Blake

'An Alphabet'
Peter Blake é autor da capa do Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band

David Smith

The Letter-1950
Um dos poucos exemplos de escultura que remete a algum tipo de escrita.Outros são os trabalhos do Matias Goritz.

Augusto de campos

Psiu
Todos os olhos-Capa do LP de Tom Zé

Amir Brito

Pollock

gestos caligráficos

Rodrigo Linhares

Diários

Fiona Banner

The Bastard Punctuation, 2006-07
Os sinais de pontuação são detalhes ampliados de desenhos de aviões (trem de pouso, turbinas, asas).

Al Hansen

beuys_breast

hersey venus,gold hersey wruppers,1988
mama vesuvia mia-1988
Artista ligado ao grupo Fluxus . A série de "vênus" foi feita com embalagem de chocolate.

Artes visuais*


Sérgio Niculitcheff,artista paulista,série Santo conhecimento

sexta-feira, 5 de junho de 2009

não levantes as persianas, querido
para que a luz não penetre até nós
e o dia não destrua os sonhos
aninha-te em silêncio junto a mim

para que o sol não ouça, não note
o tempo como nos perdemos em beijos
e talvez passe sem nos ver o velho predador
que sempre transforma tudo em poeiras

mostre-me os teus pensamentos só com toques
só com mordiscos dos teus desejos
e se alguma vez quiseres gritar

lembras-te que tudo ao nosso redor espreita
para enrugar a pele, para que o fogo arrefece
na cinza e o sangue que lambes se endurece.


Traduçäo: Raul Ferreira
tenho medo de fazer amor contigo, sabes
não por medo da morte
da destruição, da terra molhada, ou
das longas separações, sentes demasiado pouco

demasiado rápido cortas a ferida, dizes
pensamento vazio e derrubas tudo
em frente de ti, como um furacão levas tudo
alheio e frio, como a vida

sinto medo quando ando pela cidade
que caio, de desmoronar-me ao nada
que a tua pressão me comprima contra o chão

que o rio não desàgua, o sol cai,
a cabeça não arrebenta, os sonhos não morrem,
o medo é grande, como o mundo.


Traduçäo: Jasmina Markič
Desenha para mim
o que nos dois não podemos fazer
desenha os nossos corpos quentes
que se penetram, que se aspiram
os nossos lábios que se calam,
palavras sórdidas do esquecimento
talvez deste modo saberás
como me desejas
o quê? outra vez esse medo?
e tu traças linhas sobre linhas
deixando contornos de terra deserta
sem vida, uma só superfície
tranquilo deito-me sobre ti
e tento absorver-te.


Traduçäo: Luís Filipe Sarmento
numa noite profunda, quando nem sabes,
me rastejo ao quarto
em silêncio me proximo
sob a luz da vela, observo a tua face
como um feiticeiro
coloco-me as mãos
por cima de ti
quando nem sabes, nem sentes,
quando nem podes me empurar,
deito-me, engostando-me em ti,
suavemente para não te acordar
nesses momentos, penso ditosamente,
que ainda não há perguntas, nem dúvidas
como o rio serpenteamos através do tempo
embaraçados, na profundidade
há ainda peixes, e nas poças
umas mãos, uma boca bebem com paixão
lenta, sériamente, como um ritual.


Tradução: Jasmina Markič
desejo ainda mais e mais beijos, as convulsões
dos corpos atados, caminhemos ainda mais devagar
através do bosque, sonhando
que tudo é de outra maneira
nos matizes do tilintar das imagens que criamos
- de madrugada tive pesadelos, sobre a força,
sobre a violência, sobre a renúncia da vida.
levantei-me, aproximei-me aturdido por facas
olhei-as demoradamente, vazio, espremido
depois sentei-me, pensava no irreal
quis-me afundar ainda mais e mais
na eterna delícia da entrega, na pele
no olhar cálido dos olhos, na carícia
rasguei uma longa lista de acessórios
para o assalto, para o combate, para a defesa
vertia àgua e bebia-a, lentamente
longamente, como daqui para lá.


Tradução: Luís Filipe Sarmento
A principal preocupação da poesia de Brane Mozetič é o corpo em diferentes posiçoes, em situações limítrofes, torturado e compungido, frágil e vulnerável, exposto às formas extremadas de entrega ao outro. A poesia leva o erotismo ao corpo, mas não se detém na nudeza, talha na profundidade, corta até o sangue e gira ao redor do paradoxo da entrega simultânea com a dominação; assim a poesia não nasce da entrega estática e da exigência intransigente de tudo, o que produz uma impressão provocante e audaz a causa da escrita desenfreada do amor homossexual, doce e proibido.

O Poema Frio


Sim, eu sei...
Mas meu silêncio
é fruto dos dias de solidão.
Solidão que escolhi,
e que, grande companheira
me permitiu olhar os dias
de maneira sutil e generosa.
Me fez ver os homens
e seus rebanhos sem fim
com certa desconfiança.
Sim, eu sei...
Recluso em meio à multidão,
espalhei curiosidade e medo.
Mas é tudo tão simples...
Eu só queria ficar sozinho!
Mas agora vem você
que se impõe e se instala
no meio da sala
reservada às canções
e aos devaneios
deste verão chuvoso.
E agora menina?
O que vamos fazer com isso?
Dar ao mundo um início,
e costas ao precipício?
Isto não é um poema de amor.
Esta não é uma canção de paixão.
É só a minha forma solitária
de dizer que já sou teu.

Anderson Julio Lobone

terça-feira, 2 de junho de 2009

Gato


Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa
janeiro de 1931

domingo, 17 de maio de 2009

citação aleatória

"É possível que a gente queira mesmo bem, como se odiasse mortalmente?… Torça o próprio coração, ou o morda, até sangrar vazio e dolorido e despedaçado? Pois é como ama quem tem ciúmes…" — Afrânio Peixoto

sábado, 16 de maio de 2009

Alanis faz paródia e vira sucesso na internet

"My Humps” é uma paródia da música do Black Eyed Peas.O videoclipe de Alanis crítica as letras e temáticas rasas da música pop. Alanis mudou o ritmo da música mas manteve a letra e a coreografia gangsta de Fergie,a vocalista da banda.

http://www.youtube.com/watch?v=W91sqAs-_-g

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Gracias A La Vida Composição: Violeta Parra

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blancoY en alto cielo su fondo estrelladoY en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el oído, que en todo su ancho
Traba noche y dia grillos y canarios Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro,Madre, amigo, hermano y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida,que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos,Playas y desiertos, montañas y llanosY la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llantoAsí yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi cantoY el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida

Advertencia

"As nuvens mudam sempre de posição, mas são sempre nuvens no céu. Assim devemos ser todo dia, mutantes, porém, leais com o que pensamos e sonhamos; lembre-se, tudo se desmancha no ar, menos os pensamentos." *(Paulo Baleki)

Pin-ups




O termo pin-up data da década de 40,( as imagens eram penduradas em locais que normalmente circulavam somente homens como borracharia, quarteis,etc,etc.)mas já ná década de 30, George Petty e
Alberto Vargas, faziam sucesso com a revista americana “Esquire”.
Uma pin-up é uma mulher que jamais seria vulgar ou oferecida, apenas convidativa,insinuante,dissimulada,é uma mistura de sensualidade e inocência,... Imagens asseguradas pelos sofisticados traços provavelmente provenientes da art-nouveau, elas apareciam vestidas em peças de roupa que valorizavam seus corpos de curvas sinuosas, deixavam sutilmente à mostra torneadas pernas, e definidas cinturas, em situações do cotidiano e as carinhas e bocas ingênuas faziam o acabamento da imagem que levaram uma geração de homens à loucura. Mostravam sem mostrar.
Havia muito tabu quanto ao nu e mulheres que ousavam enfrentavam grandes preconceitos muitas vezes pela vida toda . As pin-up não eram mulheres de verdade,alias,eram criadas para atiçar a fantasia masculina,eram figuras idealizadas. Marilyn Monroe é um bom exemplo,foi estigmatizada como a loira burrinha ,ingênua e sexy e isso começou quando fez fotos nuas que acabaram por se transformar além dos famosos calendários ,também em cartas de baralho e foram reproduzidas pelo mundo todo. Um ícone das imagens norte-americana. "Pin-up era mulher para se admirar,jamais para se casar".
Gil Elvgren começou a ilustrar pin-ups na década de 1930 e só parou 40 anos depois. A fama de comercial deve-se ao fato de que a maioria de seus desenhos eram criados para ilustrar campanhas publicitárias, como as propagandas da Coca-Cola. As pin-ups de Elvgren ilustravam principalmente calendários. O artista morreu em 1980.

sábado, 2 de maio de 2009

por aí...

O artista não é uma pessoa de livre arbítrio que persegue seus objetivos, mas alguém que permite à Arte realizar seus propósitos através dele. Como ser humano, ele pode ter humores, desejos e metas próprias. Mas como Artista ele é “homem” num sentido mais sublime. Ele é um homem coletivo, alguém que carrega e molda a vida psíquica inconsciente da humanidade."
(Carl Gustav Jung)

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gripe suína (2) By José Saramago


Continuemos. No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um relatório sobre a “produção animal em granjas industriais, onde se chamava a atenção para o grave perigo de que a contínua circulação de vírus, característica das enormes varas ou rebanhos, aumentasse as possibilidades de aparecimento de novos vírus por processos de mutação ou de recombinação que poderiam gerar vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. A comissão alertou também para o facto de que o uso promíscuo de antibióticos nas fábricas porcinas – mais barato que em ambientes humanos – estava proporcionando o auge de infecções estafilocócicas resistentes, ao mesmo tempo que as descargas residuais geravam manifestações de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou milhares de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).

Qualquer melhoria na ecologia deste novo agente patogénico teria que enfrentar-se ao monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e ganadeiros, como Smithfield Farms (suíno e vacum) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática das suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas umas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento dos investigadores que cooperaram com a comissão. Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como o gigante avícola Charoen Pokphand, radicado em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre o seu papel na propagação da gripe aviária no Sudeste asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do surto da gripe suína esbarre contra a pétrea muralha da indústria do porco. Isso não quer dizer que não venha a encontrar-se nunca um dedo acusador: já corre na imprensa mexicana o rumor de um epicentro da gripe situado numa gigantesca filial de Smithfield no estado de Veracruz. Mas o mais importante é o bosque, não as árvores: a fracassada estratégia antipandémica da Organização Mundial de Saúde, o progressivo deterioramento da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industralizada e ecologicamente sem discernimento.

Como se observa, os contágios são muito mais complicados que entrar um vírus presumivelmente mortal nos pulmões de um cidadão apanhado na teia dos interesses materiais e da falta de escrúpulos das grandes empresas. Tudo está contagiando tudo. A primeira morte, há longo tempo, foi a da honradez. Mas poderá, realmente, pedir-se honradez a uma transnacional? Quem nos acode?

Gripe suína (1) By José Saramago


Não sei nada do assunto e a experiência directa de haver convivido com porcos na infância e na adolescência não me serve de nada. Aquilo era mais uma família híbrida de humanos e animais que outra coisa. Mas leio com atenção os jornais, ouço e vejo as reportagens da rádio e da televisão, e, graças a alguma leitura providencial que me tem ajudado a compreender melhor os bastidores das causas primeiras da anunciada pandemia, talvez possa trazer aqui algum dado que esclareça por sua vez o leitor. Há muito tempo que os especialistas em virologia estão convencidos de que o sistema de agricultura intensiva da China meridional foi o principal vector da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico “intercâmbio” genómico. Há já seis anos que a revista Science publicava um artigo importante em que mostrava que, depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte havia dado um salto evolutivo vertiginoso. A industrialização, por grandes empresas, da produção pecuária rompeu o que até então tinha sido o monopólio natural da China na evolução da gripe. Nas últimas décadas, o sector pecuário transformou-se em algo que se parece mais à indústria petroquímica que à bucólica quinta familiar que os livros de texto na escola se comprazem em descrever…

Em 1966, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de suínos distribuídos por um milhão de granjas. Actualmente, 65 milhões de porcos concentram-se em 65.000 instalações. Isso significou passar das antigas pocilgas aos ciclópicos infernos fecais de hoje, nos quais, entre o esterco e sob um calor sufocante, prontos para intercambiar agente patogénicos à velocidade do raio, se amontoam dezenas de milhões de animais com mais do que debilitados sistemas imunitários.

A história do REIKI

Houve muitas lendas sobre milagres de cura dos Grandes Mestres, mas os relatos ficaram perdidos. Não encontrando provas concretas, os que acreditavam, guardaram para si, pois sabiam que não havia modo de provar o que acreditavam.

A história do REIKI se desenrola desde os primórdios da humanidade, certamente mais antigo que qualquer relato escrito.

O REIKI é uma parte de cada um de nós. Um dia foi universal e nunca deveria ter-se perdido. Na antiga civilização, hoje conhecida como MU, as crianças recebiam treinamento em REIKI I no começo da escola primária, em REIKI II durante o colegial, já o REIKI III, o treinamento de Mestre, era exigido dos educadores e estava disponível a quem quisesse recebê-lo. Quando as pessoas da cultura-raiz deixaram a terra de MU para colonizar o que hoje é a Índia e o Tibete, o REIKI continuou com elas, embora MU, posteriormente, tenha se perdido. As mudanças na terra, que primeiramente destruíram a Atlântida, produziram vários conflitos culturais, obrigando que o sistema de cura fosse conhecido só por poucos eleitos. Quando, no século XIX, um japonês buscou a origem do método de cura de Jesus e Buda, ele a encontrou entre os vestígios da cultura primeva de Shiva, nos ensinamentos esotéricos da Índia.

No Tibete existem registros de cura através das mãos há mais de 8 mil anos. Essas técnicas se expandiram pela Grécia, Egito, Índia e outros países apesar de a técnica ter-se perdido nos últimos dois milênios.

Existem fatos que indicam ter Jesus praticado REIKI no Egito. Jesus aplicava a técnica com muito sucesso e também dizia a seus apóstolos «curem os que estiverem doentes».

A história do REIKI começa em 1822, na cidade de Kyoto, no Japão. Existia um pequeno seminário cristão, cujo deão era Mikao Usui. Questionado pelos seus alunos sobre como Jesus realizava esses milagres e ainda se alguém mais poderia curar da mesma forma, não soube responder. Embora tivesse compreensão intelectual da Bíblia, não compreendia a maneira que Jesus curava.
Dr. Mikao Usui

Conta-se que este questionamento mudou a vida de Usui. Demitiu-se do cargo que ocupava no seminário e viajou para a América. Em Chicago, estudou Teologia e línguas antigas, formou-se doutor.

Durante seus estudos, o Dr. Usui aprendeu que Buda também realizava os mesmos milagres que Jesus, curando doentes e tendo um controle sobre a energia, canalizando o poder de Deus e do Universo.

Ao retornar ao Japão, o Dr. Usui começa a questionar os membros das diversas seitas do Budismo, se eles poderiam curar o corpo das pessoas como Buda curava. Os Budistas o informaram que a cura do corpo e do espírito não tinha ligação e que eles estavam concentrados na cura do espírito e não do corpo. Eles sentiam que o corpo e o espírito eram separados e que o espírito é que precisava de cura. A cura do corpo deveria ser feita por aqueles que se dedicavam à Medicina.

Dr. Usui, ao chegar a um mosteiro Zen-Budista, pediu permissão e foi aceito, para estudar. Por muitos anos, sob a direção do monge Zen, estudou os Sutras e os ensinamentos de Buda. Leu todas as traduções japonesas e não encontrou o que buscava. Consultou novamente o monge Zen e este lhe disse para meditar e receber a resposta interior. As meditações levaram usui a aprender chinês.

Após alguns anos, foi levado a estudar sânscrito. O sânscrito é a raiz de todos os idiomas e, portanto, haveria possibilidade de descobrir o que tanto buscava. Em poucos anos, o Dr. Usui conseguiu a maestria no sânscrito e pôde ler os livros sagrados do Budismo Tibetano. Nesses livros ele encontra os escritos que sente serem a chave para a cura. Mas, no seu achado, ele não encontrava como utilizar aquelas chaves e nem tinha como se certificar de que aquilo era realmente o processo correto de cura. Os textos não incluíam a informação de como ativar a energia e fazê-la funcionar.

Como tem sido afirmado, essa falta de informação nos Sutras (manuscritos em sânscrito) era intencional, feita com freqüência para manter os poderosos ensinamentos longe do alcance de mãos não preparadas para conhecê-los e usá-los corretamente.

Novamente o Dr. Usui pede orientação ao monge tibetano e decide meditar na montanha sagrada do Japão, o monte Kuri Yama. Durante 21 dias ele medita e ora pedindo a iluminação. No 21º dia, ele acorda ao alvorecer e ainda está escuro. Levara consigo 21 pedrinhas para não perder a noção do tempo e joga a última delas. Ele reza pedindo novamente a Deus que confirme o seu achado e que lhe seja dada clareza e iluminação de como usar o conhecimento.

Ao jogar fora a última pedrinha, uma luz aparece no leste. Esta luz começa a se tornar mais brilhante e se aproxima do Dr. Usui. Ele fica assustado, ameaça fugir. Então, escuta a voz dizer: «Você buscou por 21 anos e tem jejuado nesses 21 dias. Você tem pedido a iluminação e confirmação e agora quer fugir?». Ele aquieta o seu intelecto, dizendo a si mesmo: «Se a luz é para mim, aceito a iluminação».

A luz se torna mais brilhante e corta os céus como um relâmpago e lhe toca o terceiro olho. Usui tem a sensação de estar morrendo. Ele nunca se sentira assim e seu campo de visão parece um arco-íris. Fora deste arco-íris aparecem luzes dourada e branca. Cada uma destas bolhas é como uma lâmpada contendo os caracteres sânscritos que ele descobrira nos Sutras Tibetanos. Uma voz parecia lhe dizer: «Estas são as chaves da cura; aprenda-as, não as esqueça e não permita serem novamente perdidas».

Dr. Usui olhava para os céus e ouvia a voz… até que se sente desperto e o sol está alto e ele diz para si mesmo: «eu tenho as chaves para a cura, eu não as esquecerei e não permitirei que se percam». E quando ele sente que não morrera, que ainda estava na terra, começa a descer a montanha, profundamente excitado e apressado. Ele quer voltar ao mosteiro e dizer ao monge o que aconteceu.

Na sua pressa em descer a montanha, o Dr. Usui machuca o pé e consegue parar o sangramento com o processo que acabara de aprender. Ele sente as suas mãos diferentes, elas estão muito quentes. Ao chegar ao pé da montanha ele tem fome. Pára numa estalagem onde são servidos os que estão em peregrinação. Ele insiste com o estalajadeiro para ter uma refeição «normal» e é atendido. Apesar dos 21 dias de jejum, ele come tudo e tem uma boa digestão completa.

Quem o serviu foi a neta do estalajadeiro, e ela tem o rosto inchado e o dente infamado. O Dr. Usui pergunta se ela aceita ser curado e usa o processo que acabara de aprender. O inchaço e a inflamação cedem e em poucos minutos a garota está bem. O estalajadeiro não aceita o pagamento da comida porque o Dr. Usui lhe presta um grande serviço, eles moravam longe e não tinham como pagar por assistência médica.

O Dr. Usui volta ao mosteiro e conversa com o monge. Ele trata o monge e o cura de uma artrite. Mas agora que ele tem as chaves da cura, ele quer saber mais como desenvolvê-las. Então resolve deixar o mosteiro e morar no bairro dos mendigos, curar os enfermos e aflitos.

Durante sete anos ele ministra a cura desde o amanhecer até tarde da noite. Ele curava a todos e era disciplinado e dedicado. Ele compreende como o REIKI flui pelo seu corpo e como o corpo se curava.

Um dia, o Dr. Usui encontra um pedinte cujo rosto lhe parecia familiar e o interroga. Ele se identifica como um dos primeiros mendigos a quem o Dr. Usui curara. O Dr. Usui lhe pergunta por que ele continua mendigo e o pedinte explica que fez tudo o que lhe fora mandado fazer depois da cura – fora ao Templo e recebera um nome, conseguira um emprego e se casara. Mas tudo isso era muita responsabilidade e ele decidira continuar mendigo. Sendo mendigo, ele não tinha que assumir responsabilidades por si mesmo.

O Dr. Usui decide então deixar o bairro dos mendigos. Retornando ao mosteiro, ele agradece por todos os ensinamentos que lhe foram dados no monte Kuri Yama. Ele medita sobre tudo o que acontecera. Compreende que fizera o contrário do que os Budistas vinham fazendo e que, ao se preocupar com a cura do corpo, ele esquecer da cura do espírito. Compreende que a pessoa em tratamento também tem de assumir a responsabilidade pelo seu processo de cura. Os Mestres da Cura Espiritual o levaram a compreender muitas coisas transmitindo-lhe os Cinco Princípios Espirituais do REIKI. Ele compreende que distribuíra a cura sem que o outro assumisse a responsabilidade pelo tratamento e não trocasse a energia pelo serviço. Dr. Usui compreendeu que os Cinco Princípios acrescentavam uma dimensão espiritual à cura física.

O Dr. Usui compreende também que, ao dar a cura sem que houvesse esforço pessoal de quem a recebera, não lhe era dado valor e ainda, que ao dar simplesmente, ele ajudara a imprimir padrões de miséria na mente dos que tratava.

Tudo isso trouxe transformações à vida de Dr. Usui e ele compreende que o REIKI é um processo de transformação de consciência que vem do coração e que é através do coração que a plenitude da vida pode ser obtida. Ele compreende também que a aplicação dos Cinco Princípios na vida quotidiana leva a essência a se manifestar em todos os níveis da vida da pessoa. E que a forma como as pessoas agem, reagem e compreendem a si mesmas e aos outros muda para se centrar na consciência divina EU SOU.

A partir daí, o Dr. Usui passa a ensinar o REIKI por todas as ilhas do Japão. Entre os anos de 1850 e 1898, quando morreu, tinha formado 18 mestres, dentre estes o Dr. Hayashi, que o sucedeu.

Não há registros escritos do Dr. Usui. O que se estabeleceu como aprendizado do REIKI foi mantido como conhecimento «de boca a ouvidos».

Durante o período em que viajou pelo Japão, o Dr. Usui chegava às cidades onde não conhecia ninguém e caminhava pelo mercado carregando uma tocha acesa. Muitos riam dele – o homem tolo que carregava uma tocha acesa em pleno dia. Mas isto atraía a atenção das pessoas e o Dr. Usui as convidava para as reuniões m que as pessoas manifestavam o desejo de aprender o processo do REIKI. É desta forma que o Dr. Usui encontra o Dr. Chujiro Hayashi, um oficial da Marinha, de família rica e tradicional e que é o responsável pela montagem do que foi a primeira clínica de REIKI no Japão, localizada em Tóquio.


Dr. Chujiro Hayashi


Dr. Chujiro Hayashi torna-se o Grande Mestre de REIKI com a morte do Dr. Usui. Formou 16 mestres, entre eles, duas mulheres, sua esposa Chie Hayashi e Hawayo Takata, que trouxe o REIKI para o Ocidente.

Hawayo Takata



Consciente da importância do REIKI, o Doutor em Medicina Hayashi colheu comprovações de tratamentos, produzindo assim ampla documentação que demonstra que o REIKI além de encontrar a fonte dos sintomas físicos revitaliza o corpo na sua totalidade.

Com todas essas informações e comprovantes de tratamentos, Dr. Hayashi repensou as posições e pôde sintetizá-las em níveis, para uma aplicação mais eficaz.
Tirado do blog:Devezenquandário

O QUE É O REIKI?

REIKI é a palavra japonesa que significa energia vital universal. Atualmente, essa palavra está sendo utilizada para identificar o Sistema Usui de Cura Natural, uma antiga arte de curar pela imposição das mãos, redescoberta no Japão no século XIX pelo Dr. Mikao Usui (monge cristão de origem japonesa). A tradição REIKI, porém, já era mencionada em sânscrito pelos antigos Sutras da Índia há mais de 2.500 anos.

«REI» significa universal e refere-se à parte espiritual, à essência energética cósmica, que permeia todas as coisas e circunda todos os lugares.
«KI» significa uma parcela do REI que flui através de tudo aquilo que vive, é a nossa própria energia vital.

Essa energia vital recebeu nomes diferentes em cada cultura: chamada pelos cristãos Luz, pelos hindus Prana, pelos Kahunas Maná, pelos chineses Chi e pelos russos energia Bioplasmática; os índios iroqueses americanos denominam-na Orenda; em hebraico é chamada Ruach, Barraka nos países islâmicos e, finalmente, no Japão, Ki.

O REIKI é um processo de encontro dessas duas energias: universal com a nossa porção física, e ocorre após a pessoa ser submetida a um processo de sintonização ou iniciação do método feito por m mestre habilitado.

REIKI é um sistema completo para a autotransformação e evolução.

Ao assumirmos o REIKI como disciplina diária, qualificamos nosso campo energético, desbloqueando nossos traumas, expandindo assim a energia amorosa do nosso ser.
Mahmoud Darwish (1941-2008) - Poeta palestino, testemunhou a destruição de sua aldeia, Al Birweh, durante a implantação do Estado de Israel em 1948.

Chamada da tumba

Em memória do massacre de Kafr Kassem*

I
Minha morte aconteceu há oito anos
Tenho a mesma idade de meu pai
Chamamos a todos os viventes
A todos os que querem viver por muito tempo
Sobre a terra
Não debaixo dela
A todos os que querem
Que a trigo madure em seu campo
Semear e colher
Que a massa fermente em seus lares
Fazer o pão e comê-lo
Nós lhes pedimos: não durmam
Se querem viver por muito tempo
Sobre a terra
Não debaixo dela
Montem guarda... aqui o sol é de barro e miséria
Nossa idade se conta em anos de morte
Minha morte aconteceu há oito anos
Tenho a mesma idade de meu pai

II
Dizemo-lhes
Não queremos sobre nossas tumbas
Nem água nem flores
Nada está vivo aqui
Apenas os casulos de víbora e os vermes
Dizemo-lhes
Não queremos roupas de luto
Não há na tumba outra cor
Que a preta
Dizemo-lhes
Não queremos canções tristes
Intermináveis
Dormimos aqui
E nosso retorno é impossível
Dizemo-lhes
Cantem pela terra que permanece
Rebelem-se
Ensinem nossa história sombria
Aos filhos
A fim de que nosso sangue
Permaneça na bandeira dos criminosos
Como sinal de catástrofe
Pedimos-lhes
Protejam os fracos das balas
Para que os que vivam fiquem salvos
E os que nascerão no futuro
Ainda goteja a fonte do crime
Obstruam-na
E permanecem vigilantes
Prontos para o combate

*Cidade convertida em santa após o massacre de 29 de Outubro de 1956.

Das utopias

Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

(Mário Quintana)

Confissão de um terrorista!



Ocuparam minha pátria
Expulsaram meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista

Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista

Legislaram leis fascistas
Praticaram odiada apartheid
Destruíram, dividiram, humilharam
E me chamaram de terrorista

Assassinaram minhas alegrias,
Seqüestraram minhas esperanças,
Algemaram meus sonhos,
Quando recusei todas as barbáries

Eles... mataram um terrorista!

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terça-feira, 28 de abril de 2009

TRIANGULO SEXUAL DE TRÊS


Para começar a semana muito bem, resolvi dizer para a minha pessoa o seguinte: - Pataxó, eu te amo...!. E não é que adorei me ouvir...rsrsrs...? Estranhamente percebi que não dói dizer isso e/ou ouvir. Em princípio, fiquei meio que surpresa... arregalei bem os zóio e... processei toda a força da natureza de cada letrinha dessa fala... saboreei... sorvi... e me deliciei... uÁuuuu... E não me contive, respondendo: - Num é que sou demais, mesmo...rsrsrs...?! Só que, tá faltando alguém em Nurennberg...rs! Essa história de eu amar a mim mesma ( de forma incondicional...!?!?!) sem deixar espaços para mais “alguéns” – é entediante se não houver um sexo masculino, homem e macho no meio...! Aí, sim, tudo melhora e adquire formatos e volumes preciosos. Daí, sendo a minha pessoa e eu, exigentes, pra começar, faz-se necessário ter uma qualidade ISO 14 000, nessa relação a três...rsrs! Então, nós, a minha pessoa e eu... PROCURAMOS! Homem, do sexo masculino mesmo e muito macho... com o cérebro e massa cinzenta poderosos, ou seja, inteligente e com bagagem intelectual refinada, que não deixe a vida escapar ralo abaixo, ao se pensar SENHOR DO TEMPO. Também não é necessário ser acionista do FMI, e só...!! Vejam bem, como a minha pessoa e eu somos simplezinhas...?!? ATENÇÃO: Por favor pegar senha nos seguintes horários: de 22h às 5h e obedecer à fila, que está dobrando o quarteirão. (o número de senhas vai apenas até 5 000/d). Dispensa-se MINOTAUROS.
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Fonte: 27/04/2009 Publicado por pataxó - http//pataxo.lima.fotoblog.uol.com.br


segunda-feira, 27 de abril de 2009

para hj


"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."Guimarães Rosa

domingo, 26 de abril de 2009

para os ficantes

O texto é do Rogério Niffinegger, professor titular do departamento de Psicologia da UFMG.


Caro ficante,

Dirijo-me, agora, a você que tem "ficado", só "ficado".

Porque "ficar" e, não, ficar?

Tecnicamente, você sabe, "ficar" não é ficar, é um estar temporário, sem compromissos e aspirações.

Assim, você também sabe, é da essência do "ficar" não ficar.

O "ficante" típico faz a "ronda", vai de bar em bar, de danceteria em danceteria e vai "ficando", "ficando"... sem ficar, passando...

Ás vezes este "ficar" significa, apenas, conversar com alguém. Ás vezes, dançar, preferencialmente não ser tocado, só tocar. O "ficante" pode até ser tocado, mas não pode ser tocado: Tão perto.. e tão longe!"

Outras vezes o "ficar" é mais complicado e envolve sexo, sem envolvimento, é claro. O momento, talvez, de maior intimidade e toque entre duas pessoas deve ser esquecido, não-tocado, a não ser que ela "fique", não é? Mas isto é uma outra história, uma outra vida, talvez.

Porque, não ficar? Ficar exige comunicação, reciprocidade, envolvimento. Como você sabe, é impossível não comunicar, mesmo não comunicando...

Assim, você, caro "ficante", não pode ficar: restará uma lembrança (geralmente para sempre), um perfume, uma palavra, um desejo, um toque.. nem que seja para se lembrar de um sorriso, de um olhar... sem palavras... com tantas palavras a se dizer...

Desta forma, para evitar estas dificuldades e... perigos, é que recomendo a você, caro "ficante", a não se envolver... não sentir... não tocar... não ser tocado...

Seja leal ao seu interdito interno e evite, a todo custo... ficar... porque, justamente, pode... ser bom... entendeu?

Assim, resumindo o anterior, gostaria de lembrar a você: "Quem só fica não fica, passa..."

Não sei, talvez... se você permitir... se sua mente consciente permitir, talvez... você sonhe...

Observe os seus sonhos, sinta os sonhos que estão dentro dos seus sonhos...

Lembre-se: a vida é breve.
Tanto tanto
mas por enquanto
tão pouco
tão puro -
ar do peito sem embrulho.

Tanto tanto
tempo demais no quando
de menos
tanto tempo de menos
ainda mais e mais.

Tanto tanto
lenta agonia em tom de espanto -
pedra voada no vento
que de pesada
levanta levanta.

Tanto tempo
tão pó
deitado no canto
de quem só
delira inverso... "
Gustavo Dias de Miranda
Uma lágrima rolou do meu olho ao perceber
Que era a última vez em que eu ia ver você
Outra lágrima rolou dentro do meu coração
Ao ver a velocidade com que as vidas vão em vão
Quando eu menos esperei, nada mais eu encontrei
Havia desaparecido a lágrima que eu chorei
Mas aquela que escorreu, no meu peito lá ficou
A gota de gosto amargo, com o frio cristalizou
E eu quero saber como proceder
Pra esquecer da tua voz, do teu viver
Porque eu apenas quero caminhar
Sem ter que olhar pra trás
E ver você vivendo em paz
E você sabe que eu já sofri demais aqui
E não vejo a hora de poder ficar junto de ti
E onde você estiver, estarei em coração
Em alma e espírito, através dessa canção
Enquanto a sua ida puder fazer alguém chorar
É sinal que a sua vida ainda não deve acabar
Já que não há saída, eu posso apenas imaginar
Como seria a minha vida sem a sua pra me alegrar

(Fresno)

mudança


Na vida tudo passa, não importa o que tu faça o que te fazia rir, hoje não tem mais graça.
Tudo muda, tudo troca de lugar, o filme é o mesmo, só o elenco que tem que mudar
Que alterar pra poder encaixar, se não for pra ser feliz, é melhor largar..
Então se ligue, e busque felicidade... Pra existir história... Tem que existir verdade
Porque o sol não se tampa com uma peneira, pra quem já ta molhado um pingo é besteira
Renovo minha força vendo o sol se pôr, pensamento longe renovo meu amor. E cada chaga que a gente traz na alma, é a confirmação de que a ferida sara e se restaura, já foi cicatrizada...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

perfil 20 de abril

Todos os anos são meus," diz a alma humana, "não existe época proibida aos grandes espíritos; não há idade inalcançável ao pensamento. Quando surgir o dia em que se dividirá o que é humano e divino, este corpo ficará ali mesmo onde foi encontrado e me reunirei aos deuses. Mesmo agora não estou longe deles; apenas ainda sou detida pela existência terrestre."

Tais esperas da vida mortal são apenas um prelúdio para uma outra existência, melhor e mais durável. Da mesma forma como durante nove meses somos abrigados e preparados pelo ventre materno não para si, mas para onde deve nos lançar quando já somos capazes de respirar e viver ao ar livre, assim, durante esse período que vai da infância à velhice, amadurecemos para um outro nascimento.

Um outro nascimento nos aguarda, uma outra ordem das coisas. Ainda não podemos suportar o céu senão de longe, por isso prevê com coragem a hora decisiva não para a alma, mas para o corpo. A tudo que te rodeia, olha como móveis em um quarto de hospedaria, pois estás de passagem. A natureza despoja tanto quem entra quanto quem sai.

Não te é permitido levar mais do que tens, e até o que trouxeste para a vida ao nascer aqui deverá ser deixado. Perderás a pele, o mais superficial de teus envoltórios; perderás os ossos e os nervos, aquilo que sustenta as partes informes e flácidas de teu corpo.(...) Por que te apegas tanto a estas coisas como se tuas fossem? Apenas estás coberto por elas. Dia virá em que elas serão tiradas e, então, estarás liberto desse ventre repugnante e infecto."

SÊNECA. Aprendento a viver. Porto Alegre, L&PM, 2009, pp. 119-121.