sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Escolha 1



Ele queria ficar sarado e se pôs a puxar peso,mas o peso era pesado demais e dava uma preguiça...
Então resolveu dançar ballet,era mais leve,mais solto,muito mais agradável.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Escolhas


Ele se alegrava toda vez que fazia um tour pelo canteiro de primulas.Hoje acordou disposto apanhou uma delas e caminhou saltitante em direção a casa da donzela.
No percurso encontrou um cão animadinho que mais parecia uma ovelha de tanto pêlo enroladinho.Antes que pudesse ralhar com ele,aquele pedaço de algodão doce passou entre suas pernas,com as patas dianteiras erguidas ,clamando por atenção.
Então aquele homem bigodudo se distraiu brincando com o cãozinho e esqueceu por completo do seu objetivo.
A flor cansada de esperar pelo destino,timidamente,foi despencando para o lado, até perder todo seu vigor e ficou murchinha.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

DIÁRIO DE RORSCHAC




12 de outubro de 1985.
Carcaça de um cão morto no beco hoje de manhã com marcas de pneu no ventre rasgado. A cidade tem medo de mim. Eu vi sua verdadeira face. As ruas são sarjetas dilatadas cheias de sangue e, quando os bueiros transbordarem, todos os vermes vão se afogar. A imundice de todo sexo e matanças vai espumar até a cintura e as putas e os políticos vão olhar para cima gritando "salve-nos"... e eu vou olhar para baixo e dizer "não". Eles tiveram escolha, todos. Podiam ter seguido os passos de homens honrados como meu pai ou o presidente Truman. Homens decentes, que acreditavam no suor do trabalho honesto. Mas seguiram os excrementos de devassos e comunistas sem perceber que a trilha levava a um precipício até ser tarde demais. E não me digam que não tiveram escolha. Agora o mundo todo está na beira do abismo contemplando o inferno e os liberais, intelectuais e sedutores de fala macia... de repente não sabem mais o que dizer.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Meio formal (na verdade não tem título,eu inxerida dei)


Sobre o mundo o tenho visto
Com os olhos de quem não crê
Mas se já sinto o que vejo
Em que mais haveria de crer?

Crer pra quê no que não é inteiro
Se já creio que o mundo é minha crença?
E como tenho,eu, tanto lido Caieiro
Alimentei em mim certa desavença

Tal que hei de perguntá-lo em direta
Por que não me vens visitar?
Pois que sou eu a semelhança concreta
De uma face que vivo a “criar”

Que queres que faças eu então?
Vejas tu num espelho meu?
Refaças, pois, minha compreensão
Pois perdi-me em reflexos teus!

Há milhares por esta terra
Tantas faces, rostos...há gente!
E em meu peito então se encerra
Pergunta até inconveniente

Seria tu um quebra-cabeças
De tez colorida, assaz popular?
Que então em minha mente floresça
A fé pra eu acreditar

Que além de existires completo
És ainda uma bela figura
Me desculpe a falta de doçura...
Tu tens também as faces de um feto?

Tens caras e bocas de adulto?
Quais partes as quais deténs?
Quando falas se faz tumulto
Com as várias vozes que tens?

Em tuas mãos há quantos dedos?

Milhões de cabeças pensantes?
Afloram-se assim meu medos
Só pensando em teus semblantes...

Não sei tuas belezas externas
Não ousaria dizer que és feio
Mas tenho em mim partes que creio
Que não tens tu entre tuas pernas

Pois então como tu criaste
Nós seres, teus tantos herdeiros?
Penso que estás no mundo inteiro...
Penso que és o que desejaste...

Achei que eras devaneio prezável
De mentes ignorantes
Mas não há beleza comparável
Nem importância mais relevante

Que esse solo que se formou
Que esse ar que inspiro tão forte
chego a crer que tu projetou
tal breve vida até a morte

Sonhou,pois, com o sal e o mar
Um céu anil tu planejaste
Passei então a confiar
Que estás em tudo com que sonhaste

Creio agora no tangível,visível
Já que tomei para mim um partido
Da idéia que és todo incrível
E que estás em tudo contido.
by Cass Hauer,essa fofoletty aí de cima

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

* Consciência I


A energia flui...
e o sangue se movimenta
impulsionado por ela.

A pele se acomoda
sobre as camadas gelatinosas

Cada pedaço do corpo em contato com o solo
se esparrama pressionando a superfície.
ciça#5

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Isso é só o fim

Fidel,meu caro,entregar os pontos também faz parte...
Agora se quiseres,o que acho quase impossível no seu caso, podes tornar-se um mero espectador da história
pois bem sabes que não podemos detê-la.
Ciça#4

Capitão Romance

por querer mais do que a vida
sou a sombra do que eu sou
e ao fim não toquei em nada
do que em mim tocou.

Manel Cruz dixit

last day


Eram dias tristes. Ou mais tristes ainda, não te sei dizer. Olhar os meus sapatos a calcarem a chuva enquanto ouvia música urbana (dessa que faz os prédios mais cinzentos e a humanidade mais desamparada) a caminho do metro, era tudo o que eu queria e gostava de fazer.
Também não sei explicar o poder dos céus e do desconhecido sobre a minha pessoa, por essa altura. Era aquela luz, aquela aura de cidade gigante que não nos esperava tão cedo, já não sei. As pessoas que falavam uma língua que pouco compreendo e lugares e mais lugares e jardins e estátuas e pássaros e casacos e sapatos e árvores e sorrisos e pedintes e carros e calor e o medo e cansaço e umidade e angústia e incerteza e desgosto. Acima de tudo, desgosto.
Não esse desgosto de desagrado pelo que estamos a viver. Era mais aquele desgosto de desalento pelo que nos tornamos. Esse desgosto de já não podermos voltar atrás e corrigirmos as nossas acções.
by Pedro Barbosa

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Enquanto isso...


E Noé bateu seu cajado , contou um carneirinho ,dois carneirinhos ... mas a insônia não passava então ele ligou a tv a cabo e descobriu que mais de onze mil pessoas tinham morrido no Azerbaijão."