sexta-feira, 5 de junho de 2009

não levantes as persianas, querido
para que a luz não penetre até nós
e o dia não destrua os sonhos
aninha-te em silêncio junto a mim

para que o sol não ouça, não note
o tempo como nos perdemos em beijos
e talvez passe sem nos ver o velho predador
que sempre transforma tudo em poeiras

mostre-me os teus pensamentos só com toques
só com mordiscos dos teus desejos
e se alguma vez quiseres gritar

lembras-te que tudo ao nosso redor espreita
para enrugar a pele, para que o fogo arrefece
na cinza e o sangue que lambes se endurece.


Traduçäo: Raul Ferreira

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