domingo, 15 de fevereiro de 2009

Edward Hopper



Andar a ouvir um tipo e a ver quadros de outro ao mesmo tempo tem destas coisas: em dado momento pareceu-me que "Because of" do Cohen também servia bem a minha relação com Hopper, nos últimos dias revisitado, um dos residentes mais antigos do meu caos de trazer por casa. Desde que o conheci até agora, que consiga lembrar-me, gostei do Hopper: pelo azul e pelo mar; pelo espaços e pelo vazio dos espaços; pelo cor-de-laranja; pelos faróis; pela solidão; pela luz branca, que é leve, pesada, exacta; pelas cidades; pelo cansaço e pela desilusão; por algumas árvores numa aguarela; pela alegria; pelo corpo em frente ao sol; pelas casas magníficas. Cada fase durou o seu tempo e em cada uma delas, saciada de luz, eu gostei do Hopper mais um bocadinho.Em Hopper a hora que nunca passa e nunca se acaba é a do meio-dia e a luz cai sempre a pique. Mesmo nos interiores nocturnos, quando o esverdeado sombrio do ar nos agiganta as pupilas fá-lo como uma falha, como o meio-dia que não é, não está, mas devia. E a menina do Hotel Room não queria estar ali. Ou queria, mas de dia e com a porta aberta. Solar, em bruto, primordial e granulosa, a luz do meio-dia do Hopper é também a luz do mar alto. Hopper adorava navegar e o primeiro quadro que alguma vez vendeu foi este(sailing.c.1911)(acima)

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