domingo, 8 de maio de 2016

Estado de graça


Um filho pélvico que não queria separa-se do meu ritmo cardíaco, fui terra fecunda, também pântano. Tirei um Adão das minhas costelas.
Fui casa e consolo, às vezes, áspera como cimento, fiz o que pude com meu regaço pra te proteger do vento. Ergui minhas vigas com a maciez do teu caráter.
Aprende-se a ser cristal somente depois de dar a luz, a chorar em estado de graça, dura como minério de ferro.
Cresce, filho, me mostra tua fortaleza ao afagar uma mulher.
[Carmen Picos]
imagem: Renato Guttuso

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