Esse é um disco em que o impacto já começa com a ilustração da capa, um impressionante grito de agonia. Entretanto, “In The Court of The Crimson King”, do “King Crimson”, não é um trabalho para ser definido em apenas uma palavra. Muito pelo contrário, o que temos aqui é justamente uma obra expressionista multifacetada. Trata-se de um marco do rock progressivo justamente por flertar com a concepção estética megalômana típica desse gênero, sem, contudo, sucumbir ao exagero barroco. Está tudo na medida certa, a começar pela formação do grupo, a melhor de todas. Músicos da estirpe de Ian Mcdonald e Greg Lake destilam uma química rara, que não se repetiria em álbuns posteriores.
A primeira faixa, “21st Century Schizoid Man” começa um som bastante cru, dominado por um tema forte, até culminar em um longo improviso jazzístico. O vocal distorcido antecipa em décadas o estilo de Jack White, enquanto a letra choca pela precisão de uma profecia funesta.
Bruscamente, a tempestade acalma, dando lugar a uma suave brisa: “I talk to the wind”, um som que busca construir uma atmosfera de mistério, com certo tom psicodélico. Os vocais são quase sussurrados. Mais uma vez a música atinge o seu clímax em solos, agora de flauta e teclado.
Já a faixa seguinte, “Epitaph” consegue unir eloqüência e melancolia em uma balada visceral. “Moonchild”, por sua vez, leva nossa jornada musical a terras mais líricas, chegando a um longo e complexo instrumental de difícil definição. Para arrematar, a faixa-título, uma peça típica do rock progressivo. Um exemplo de temática medieval, onde guitarras e bateria combinam na medida certa com vocais intencionalmente arcaicos.
Léo Puglia
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