terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Mãos dadas


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
(Drumond)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Eu não sei,vc sabe?


Realmente eu não sei
se estou sábia
se me encontro na Arábia
entre véus e esses panejamentos
Se estou à vera
ou se atravesso a Era
agarrada a pensamentos

Quem sabe as estradas padecem de Parkison
trêmulas,quebram o silêncio do parque
Quem sabe as estrelas estão Alzaimer
esquecem de iluminar aquela parte
e o escuro ficou só...

Quem sabe é sábio?

Uma coisa é certa
essa massa encefálica
toca a rua deserta
de coturno e meias listradas.

Ciça#3

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Circo de presságios



O tempo passa, a dor não...
a injustiça é evidente
na trama da fogueira das vaidades.
Os injustiçados são seres que se alimentam das sobras
das bordas amassadas
do conto
contido
no canto
das sereias desvairadas.

A roda da fortuna
é uma carta fora do baralho
desbotado e frágil.
As asas da quimera
alçam um voô
infinito,torvelhinho.
Suas patas batem tropegas,
no vazio,
no marasmo,
enquanto as ventas
atropelam
o ar calmo
do mar Cáspio.

A quimera esbaforida
é mais um circo de presságios...

Eu queria contar pro tempo
o segredo da dor empalhada
mas as palavras nascem mortas
como os seres renegados
silenciosos...abortados.
Ciça#02