"Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-as. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o! Circunda-se de rosas, ama, beba e cala. O mais é nada". Fernando Pessoa
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Momento bukowskiano
Fujo a líricas e canções mil!
Fujo do mundo ceciliano!
Quero o chão, o raso,
sentir o cheiro do podre,
o gosto do ácido.
Quero o sexo vadio,
sem nome nem rótulos.
Corpo sem etiqueta.
Como a cerveja no fim de noite.
Não quero o êxtase, prazer indefinível.
Quero o gozo, prazer que arranha
as entranhas do meu corpo.
Chega de figuras de linguagem vãs,
inúteis e artificiais, cheirando à plástico.
Quero a palavra torta,
Sangrando em minhas mãos,
em minha boca...
A palavra no cio, pingando vida,
verdades descabidas,
mentiras necessárias.
Quero a vida sem ambigüidades,
vida sem saber que é vida,
para não discutir a morte.
Quero o concreto...
Poder tocar tudo que me cerca:
as idéias, o olhar...
a aspereza da tristeza,
deliciosamente azeda.
Fujo do mundo ceciliano!
Quero o chão, o raso,
sentir o cheiro do podre,
o gosto do ácido.
Quero o sexo vadio,
sem nome nem rótulos.
Corpo sem etiqueta.
Como a cerveja no fim de noite.
Não quero o êxtase, prazer indefinível.
Quero o gozo, prazer que arranha
as entranhas do meu corpo.
Chega de figuras de linguagem vãs,
inúteis e artificiais, cheirando à plástico.
Quero a palavra torta,
Sangrando em minhas mãos,
em minha boca...
A palavra no cio, pingando vida,
verdades descabidas,
mentiras necessárias.
Quero a vida sem ambigüidades,
vida sem saber que é vida,
para não discutir a morte.
Quero o concreto...
Poder tocar tudo que me cerca:
as idéias, o olhar...
a aspereza da tristeza,
deliciosamente azeda.
Orides Silent(São Leopoldo-RS)
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Acordar,viver
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.(Drummond)
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.(Drummond)
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Se eu pudesse voltar atrás até ti, se pudesse mudar maré de tempo e dor que nos afastou, quereria ir até ao momento em que começaste a afastar-te de mim, o momento exacto em que começaste a dizer-me o princípio deste longo, longuíssimo adeus. Diz-me, tu, nesse momento, como fizeste para desatar o amor? Como se faz para desamar, deixar o amor partir sem o segurar, sem o segurar cegamente, apesar de tudo?Se pudesse voltar a esse momento, ao preciso momento em que te afastavas de mim, olhar-te-ia mais longamente que o fiz então, o teu corpo amado de costas voltadas para mim, a afastar-te resolutamente, e para sempre, daquilo que tínhamos juntos. Talvez se me tivesse apercebido do definitivo de todas as coisas te teria dito adeus mais facilmente, com menos dor, enquanto o meu corpo guardava ainda o calor do teu, o cheiro do teu, a memória táctil da tua pele enquanto te amava ainda, livre de todas as dores. Talvez fosse mais fácil este longuíssimo adeus que te digo, com menos fios de dor e de raiva e de fúria para desatar e deixar cair.Diz-me, tu que te afastaste tão resolutamente, como fizeste para desatar os nossos laços, diz-me, onde começaste a dar-me o adeus que seria definitivo, em que ponto te começaste, lenta e seguramente a afastar de mim? Como fizeste para acabar assim o amor, fechá-lo como uma torneira, sem gotas que se arrastam?Se pudesse voltar atrás, aquele preciso momento em que estava ainda cheia de ti, de nós, dir-te-ia o adeus que o nosso amor merecia, sem choros, sem dores, não este monstro de silêncios e dúvidas que depois foi, não este buraco negro de ausência em que todas as coisas boa que tivemos se esgotaram e desapareceram.Tu que te afastaste tão seguramente, diz-me, como se acaba o amor, como se faz? Como se cortam os laços?
BY PASSIONÁRIA
sábado, 19 de dezembro de 2009
recomeçar
sábado, 12 de dezembro de 2009
Memorizo-te pelo tacto, como uma cega, quando estás perto, e reconstruo as partes de ti quando estás longe através dos olhos e da memória. Só assim te guardo comigo, só assim estás em mim que não de uma forma menos vaga, mais concreta. Existes em mim como fumo quando te queria carne e sangue, quando te queria verdade concreta como as coisas que se vêm e se sentem e se tocam e se cheiram e se provam. Tomo de ti aquilo que posso, como uma cega, aquilo que me deixas.
Fica...
Fica comigo um bocado, um momento, fica comigo neste momento enquanto preciso de ti e me fazes falta, fica comigo. Prometo pôr de lado o amor, prometo pôr de lado o desejo e a necessidade e todas as coisas que não queres nem precisas, fica. Não te falarei do medo e dos anseios, do orgulho que não me deixa dizer-te que te quero e preciso, que me fazes falta.
Fica comigo até à escuridão imensurável da solidão da noite, fica para lá dela, até à luz e à quietude branca de não querer mais nada. Fica o que puderes ficar, o que quiseres ficar, até onde suportares a proximidade silênciosa do nós que não se diz. Fica.
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